As Historias de Daniel B. vol1. cap. 5
CAPITULO V
Ninguém dormiu
quase a noite toda. Era uma carga emocional muito grande.
Na manha
seguinte dona Sandra acorda Daniel e tem
muito trabalho para o fazer levantar-se.
¾
Escola mocinho. Já perdeu aula essa semana. Nada
de moleza.
¾
Ta muito cedo.
¾
Não esta não. Pule da cama. O café esta na mesa
e seu pai já foi trabalhar.
¾
Já?
¾
Que horas são?
¾
7:00 e se não correr vai perder o ônibus.
¾
Daniel pula da cama e se mete dentro do
chuveiro. Em minutos toma o café e corre para a rua e consegue pegar a condução
para o colégio.
A única coisa
que esqueceu é que teria duas provas, uma de química e outra de física. Afinal
teve muitas distrações nestes dias.
¾
E ai, Deca.
¾
Oi Danny. Como foi ontem, de boa?
¾
Mais fácil que eu imaginava.
¾
E as provas de hoje? Também vai ser fácil?
¾
Que provas?
¾
Química e física. Se esqueceu?
¾
Sim. Me esqueci, sim.
¾
Você
nunca esquece estas coisas, cara. E agora? Nem estudou, né?
¾
Nem dei uma olhada. Vai ser um zerão na certa.
¾
Tá. Logo você. Tira de letra...
¾
Vai me contar o que houve nas montanhas, ou
fazer charminho?
¾
Depois das aulas.
¾
Vamos entrar e se preparar para a primeira
prova.
Foram para a
sala de aula e esperaram o professor. Este não se fez esperar muito. O
professor de física não era destes que facilitam a vida de ninguém. Só ganhava
pontos com ele quem dominava e bem sua matéria.
¾
Bom dia, turma. Quero que mudem de cadeiras para
evitar colas já escondidas. Pulem duas cadeiras para a frente e os das
primeiras vão para as dos fundos.
¾
Poxa, professor. Para que isto tudo.
¾
Cada minuto de demora. É um minuto perdido no
tempo de terminar a prova.
Foi como uma magica.
Todos correram para obedecer as ordens dadas e mudaram de cadeiras.
¾
Se eu pegar alguém com cola, nem preciso dizer
que é zero sem reclamações.
Espalhou as provas nas primeiras cadeiras e de costas
para cima.
¾
Passem para traz agora e comecem imediatamente.
¾
Deem uma lida rápida e se não entenderem algo
perguntem logo.
O silencio era geral. Todos se puseram a ler, e alguns
tiraram algumas duvidas.
¾
A partir de agora então. Silencio geral. Quem
terminar pode por em cima de minha mesa.
Daniel estava
preocupado. Mas ao iniciar a prova. Era como se fosse um livro aberto somente
para leitura. As respostas eram tão evidentes que já não entendia o porque do
professor ter feito uma prova tão fácil, este não era do feitio dele. O
professor Alberto era de gênio difícil. Complicava ao máximo as provas para ver
quem realmente estudava e merecia ser aprovado.
Daniel lia as
perguntas, e rapidamente calculava as formulas de cabeça mesmo. E em poucos
minutos tinha sua prova resolvida. Deu uma panorâmica e via rostos preocupados
e ate mesmo desesperados.
Ouviu a voz do
professor logo atrás dele.
¾
Perdeu alguma coisa Daniel? Se pensa em colar.
Pode tirar o cavalinho da chuva.
¾
Não professor. Não seria necessário. Eu já
terminei.
¾
Como, terminei? Você acabou de começar a prova.
Esta tão difícil assim que vai desistir sem tentar?
¾
Não é isso. Já resolvi a prova. Quer dar uma
olhada?
¾
Me de isso aqui.
¾
Tome.
A classe notou o
dialogo e alguns alunos se viraram para ver a cena.
O professor
pegou a prova e analisou o conteúdo. Conhecia Daniel, que era de ótimo nível,
mas ate mesmo para este aluno a prova deveria demorar algum tempo. Coçou a a
cabeça e perguntou.
¾
Tem certeza dos resultados, não quer revisar?
¾
Não, professor. Eu estranhei, pois sei que
costuma dificultar os testes mas esse eu achei ate fácil. Espero que não tenha
uma pegadinha nas questões que eu não tenha observado.
¾
Não tem. É uma prova de alto nível. Nunca alguém
terminou uma prova minha neste tempo. Se eu tivesse mandado imprimir as provas
aqui no colégio, eu afirmaria que alguém tinha te passado uma copia e você
resolvido em casa. Mas fiz a prova ontem a noite e imprimi em casa mesmo. E
moro sozinho. Estou surpreso de verdade. Espero que não esteja me escondendo
algo.
¾
Fui tão bem assim? Por que este espanto?
¾
Depois conversamos. Pode sair para não
atrapalhar os colegas que ainda estão no inicio da prova.
Daniel da uma
panorâmica e vê rostos quase desesperados. Uns poucos nerds mais tranquilos.
Pede licença e sai da sala.
Daniel fica
algum tempo sozinho do lado de fora. Quase uma hora depois surge o primeiro
aluno depois dele. Um desses caxias sempre o melhor da sala.
¾
Caramba que prova monstruosa. Você desistiu de
fazer a prova e a deixou em branco foi?
¾
Não. Eu a achei fácil demais. E resolvi rapidamente,
só isso.
¾
Quase não conseguia responder algumas questões.
Tinha cálculos bem complicados ali. Nem sei o que te responder depois desta.
¾
Espero que eu não tenha feito nenhuma besteira e
caído em alguma pegadinha do professor, se tirei zero nesta prova vai complicar
para o meu lado.
¾
É pode ser.
Os dois bateram
as respostas de suas provas e os resultados divergiam em alguns pontos. Mas
ainda não dava para ver quem estava certo. Outros terminaram as provas e
saíram. Rapidamente Daniel se tornou o centro de uma roda. E seus resultados
foram confirmados e assim os erros dos outros se tornaram evidentes. O assombro
crescia.
Deca foi um dos
últimos a sair. Na verdade quase expulso da sala.
¾
Que foi isso cara? Você não disse que não
estudou? Quase mata o professor do coração dizendo que a prova dele estava
fácil demais...
¾
Mas estava. Só não entendi porque vocês
demoraram tanto para responder a prova.
¾
Tava de tirar o folego, isto sim.
¾
Bem. Mas na prova de química as coisas são bem
mais complicadas.
¾
Sei. É depois do intervalo. O professor esta
chamando de volta a sala. Vamos.
Os alunos ainda
eufóricos entraram na sala de aula para esperar pelo sinal de troca de
professor.
Mais surpresas.
¾
A professora de química pediu para que eu
passa-se a prova de vocês no meu segundo período. E depois vocês estarão
dispensados. Ela não vira ao colégio hoje.
Os alunos
ficaram surpresos mas alegres. Ir para casa. Antes do intervalo. Mas a prova.
¾
Sentem-se nas mesmas cadeiras de agora a pouco.
Os alunos
obedeceram. Sabiam que com o professor Alberto não se argumentava. Era uma
ótima pessoa. Um ótimo professor. Mas o gênio era insuportável.
¾
Daniel. Eu gostaria de te dizer que realmente
fiquei surpreso com seu desempenho.
¾
Obrigado professor, não sei o que dizer.
¾
Não diga nada. Só continue estudando muito.
A classe fez uma
algazarra. E brincaram com Daniel.
¾
Agora vai explodir, olha la, ta todo vermelho,
...
¾
Silencio. Cada minuto que demorarem para se
arrumar nas cadeiras é um minuto a menos no tempo de resolução da prova. Só uma
coisa. Nem adianta tentar tirar duvidas comigo. Não saberia ajudar em química.
Espalhou as
folhas de prova novamente nas primeiras cadeiras e mandou passar para
traz.
¾
Virem. Escrevam seus nomes, turma e numero. E
podem começar. Quem for pego olhando para o lado. Terá sua prova recolhida. E
zero.
Os alunos
começaram a se dedicar a resolução da prova. Esta realmente estava difícil.
Daniel novamente
se surpreende com a facilidade da prova. Química era a pior matéria para ele.
Ele não conseguia balancear nada. E as cadeias de elementos eram sempre uma
tortura para ele. Mas hoje era como se estivesse ouvindo a professora falando
em seus ouvidos todas as respostas. Era como se estivesse novamente dentro da
aula do dia da matéria em questão. Tudo era tão simples e fácil. O que estava
acontecendo...
¾
Professor, posso fazer uma pergunta?
Interroga um
aluno, ele nem era dos melhores e nem dos piores, portanto a pergunta deveria
fazer sentido.
¾
Sim?
¾
Na questão cinco a pergunta não faz sentido.
Esta em desarmonia com o elemento.
¾
Não sei o que te dizer. Não saberia elucidar a
sua duvida.
¾
Mas e agora?
Daniel pergunta
ao professor se pode falar. Este autoriza.
¾
Sim. O que deseja.
¾
O Mariano tem razão. Posso ir ate ai professor?
¾
Pode.
Daniel pega sua
prova e vai ate o professor. E explica que onde foi digitado a palavra
carboneto era um carbonato. E que o balanceamento não daria certo com esses
elementos.
O professor não
sabia o que dizer. Pergunta se Daniel realmente tem certeza. Esse da certeza
absoluta. Pois já havia terminado a prova. E tinha deixado esta observação na
questão.
O professor
ficou meio sem saber o que fazer. E diz a classe que altere a palavra digitada
e concerte o símbolo. Mas se a professora disser que estava certa. Ele pediria
que esta anulasse a questão.
¾
Daniel estou confiando em suas informações. Vê
lá, hein... mas realmente você já terminou?
¾
Sim. Só estava esperando um pouco para evitar
falatório.
¾
Esta bem, se quiser pode deixar a prova aqui e
ir para casa. Estou contente com teu desempenho. Parabéns. Teve dez na prova de
física. Faz tempo que eu não dava uma nota destas.
¾
Obrigado. Então vou embora sim.
Deixou a prova.
Voltou a cadeira, pegou o material e saiu andando sob olhares de surpresa dos
amigos...
Ele mesmo estava
surpreso com as coisas.
Foi para casa
pensativo.
Os porteiros não
quiseram deixa-lo sair. Ele disse que após as provas o professor o liberara. O
porteiro de onde ele estava o conhecia e acreditou nele e o liberou.
¾
Ate mais. E daqui a pouco outros sairão também.
Foi para casa e
sua mãe estranhou a chegada. E foi logo perguntando se houve algum problema.
¾
Não mamãe. Acabei as provas de hoje e o
professor liberou.
¾
E por que essa cara.
¾
É que as provas nem pareciam provas. Parecia que
eu estava lendo no caderno. Tava tudo fácil demais.
¾
Que bom...
¾
Não, mamãe. A senhora não entendeu. Eu fui o
primeiro a responder as duas provas e uma era de química. Meu pesadelo.
¾
Então, parabéns.
¾
Assenhora continua não entendendo. O treino que
fiz na base abriu minha mente para que eu não me esquecesse mais das coisas. As
respostas saltavam a meus olhos.
¾
Bem, se for para o seu bem. Que melhore cada vez
mais... vou sair e depois vou passar no supermercado. Quer algo?
¾
Não. Vou descansar um pouco mais, a noite não
foi muito boa não.
¾
Esta bem.
Daniel vai para
o quarto e se deita. Mas não consegue dormir. Tem muita coisa acontecendo para
por em ordem. Passa o dia em casa e vê na tv alguns telejornais. Vai formando
na cabeça algumas ideias para conversar com o Celebro.
Sem perceber
dorme e só acorda quando sua mãe o chama para almoçar.
¾
Já chegou, nem vi?
¾
Eu não quis te acordar.
¾
E então, descansou?
¾
Bastante. Estou ansioso pela chegada de papai.
¾
Calma. Deixe as coisas andarem por si só. Não as
apresse, ta bom?
¾
Sim. Mas não posso evitar o desejo de conversar
com o Celebro Eletrônico.
¾
Calma.
¾
Mamãe, por que não vai conosco? Vai gostar, eu
prometo.
¾
Outro dia. Hoje não. Vou esperar a volta de
vocês, se algo de errado acontecer. Estarei aqui para tomar alguma decisão.
¾
Nada vai dar errado. Confie.
¾
Esta decidido.
Daniel se retira
para seu quarto e vai conversar com o Celebro Eletrônico. Avisa que ao
anoitecer estará com seu pai na base. Que mande um planador.
¾
Estará ai na hora combinada. Ele vai pousar no
local onde você o deixou na outra vez.
¾
O Dionisio estará ai?
¾
Sim. Ele esta a tua disposição. Como eu não me
locomovo, ele vai por mim a todos os lugares fisicamente. Na verdade cada robô
da base é como se fosse uma extensão minha.
¾
Legal isto.
¾
Quando vou poder visitar outras partes da base?
¾
Hoje gastaremos o tempo conversando com seu pai.
Na próxima visita sua você ira ver algumas coisas novas e será preparado para
utiliza-las.
¾
Legal. Vou fazer algum treinamento hoje?
¾
Sim. Enquanto converso com seu pai você pode
aproveitar o tempo para ter mais uma seção de treino hipnótico. O treino de
hoje vai ampliar ainda mais suas faculdades intelectuais. E aplicara uma dose
ainda maior de conhecimentos. Estou selecionando, através de coleta de
informações do sistema atual, uma gama de itens que lhe serão acrescentados no
ultimo estagio de treino. Através dele você estará apto a entender toda técnica
do seu mundo na atualidade, e posteriormente a ira comparar com as outras
técnicas que lhe serão ministradas.
¾
Estou ansioso.
¾
Ate a noite então.
¾
Ate a noite. Escuta uma coisa.
¾
Sim?
¾
Posso te dar um nome, como fiz com Dionizio?
¾
Pode. Isto não muda nada em minha programação.
¾
Legal. Vou pensar em um depois te falo...
¾
Desligo.
E assim Daniel
passou a tarde deste dia e ao anoitecer quando seu pai chega está ansioso.
¾
E ai pai. Iremos a base?
¾
Sim, só espere eu tomar um banho e jantar.
¾
Legal.
¾
Todos jantaremos juntos e depois vamos.
¾
Esta bem.
Seu Luis sai
para tomar banho e dona Sandra adverte Daniel.
¾
Tomem cuidado por favor.
¾
Tomaremos.
Jantaram. Pai e
filho saem e pegam o automóvel deixando uma mãe preocupada.
Eles acenam e o
carro acelera em rumo a mata próxima, logo isto não será mais necessário.
¾
Como vamos encontrar o transporte deles?
¾
É ele que vai me encontrar através do
transreceptor. Ele tem um localizador.
¾
Esta bem.
Não foi difícil
encontrar o planador. Estava onde Daniel o tinha despachado da ultima vez.
Subiram e o
transporte se pôs em movimento rumo a base com Daniel pilotando. Mas da mesma
maneira que antes, Daniel deu uma grande volta antes de ir em direção ao mar.
Explicou ao pai o motivo do desvio.
¾
Onde aprendeu a pilotar esta coisa?
¾
Já sei pilotar quase todas as naves de pequeno
porte deles.
Chegaram a base,
Daniel percebia que seu pai estava muito receoso. Que, se pudesse voltar,
voltaria. Tranquilizou o pai.
¾
Não se preocupe vai tudo bem.
¾
Espero. E esse celebro? Como ele é?
¾
Como assim? É um computador. Mas ele tem algo
mais. É como se eu me relacionasse com uma criatura viva. É estranho.
¾
É isso que me da medo.
¾
Descanse, vai gostar dele. E pode apostar que se
ele esta te recebendo, tem novidades para o senhor.
¾
Como assim?
¾
Ainda não sei. Vamos esperar para ver.
¾
Esta bem.
Foram recebidos
por Dionizio.
¾
Sejam bem vindos. O Mestre lhes da ás boas
vindas.
¾
Obrigado. Este é o meu pai.
¾
Bem vindo a nossa base ocidental.
¾
Obrigado. Base ocidental? Tem outras?
¾
Sim. Temos algumas.
Desta vez ate
Daniel se assustou.
¾
Outras. É incrível. Eu nem poderia imaginar algo
assim.
¾
Se prepare para muitas surpresas boas.
O robô lhes
conduziu ao transporte ultrarrápido.
Em minutos
estavam andando pelos corredores da base.
Seu Luis B. estava
de boca aberta. Mas Daniel também estava de queixo caído.
A base era outra
coisa agora. Robôs de todos os tipos andando por todo lado. Salas abertas
deixavam ver as maquinas em funcionamento. Telas de controle mostravam muitos
setores da base, ou de outras bases, ainda não conhecidos.
A base ganhou
vida nova e agora estava a todo vapor.
¾
Dionizio, o que esta havendo por aqui? Que
agitação toda é esta?
¾
O mestre mandou fazer check-up em tudo. Estamos
verificando o potencial defensivo e bélico das bases. Os sistemas operacionais,
tudo em suma.
¾
E por que tantos robôs?
¾
O mestre poderia fazer tudo sozinho, mas poderia
se sobrecarregar, e isto não é necessário.
¾
Entendi.
¾
Chegamos.
Entraram em uma
sala já conhecida por Daniel mas ate ela estava diferente.
Estava com
autômatos espalhados por todos os lados. Robôs técnicos fazendo testes ate
mesmo no Mestre. Era de tirar o folego.
Ouviram de modo
audível um cumprimento.
¾
Sejam bem vindos. É muito bom vê-lo aqui sr. Seu
Luis Brito.
¾
O prazer é todo meu. Você ultrapassa qualquer
expectativa.
¾
Estarei sempre a disposição para servi-los.
¾
É algo de espantoso saber que uma civilização
viveu aqui a tantos milhares de anos e que só agora seu legado foi descoberto.
¾
Daniel. Esta preparado para uma nova seção
enquanto eu converso com seu pai?
¾
Sim, estou.
Dionizio
acompanhou Daniel ate a sala já conhecida por este e lhe explicou que hoje o
treinamento lhe tornaria apto a fazer reparos em maquinas e robôs da base. E
ate mesmo programar um tipo que este desejasse. Também estava inserido a
posição das outras bases e implantaria em Daniel um código de acesso a todas
elas.
¾
Nem sei o que dizer, é algo além do que qualquer
coisa que eu ousasse imaginar.
Enquanto Daniel
estava na maquina de treinamento hipnótico, Dionizio estava a espera. Nunca se
pode desprezar o inesperado.
Enquanto isso na
sala central o mestre, o computador central, terminava de explicar ao Seu Luis os
planos para que Daniel utilizasse os grandes recursos técnicos das bases para
ajudar a civilização humana.
¾
E também gostaria que o senhor viesse a
ajuda-lo. Que me diz?
¾
Como assim. Eu não sei nada do que se passa
aqui. E ainda tenho de trabalhar o dia todo para sustentar minha família.
Daniel esta para entrar na faculdade...
¾
Sei de tudo isto que o senhor esta falando. Mas
posso resolver todos esses problemas sem dificuldades.
¾
Como assim?
¾
Primeiro, disse que não entende nada sobre nossa
tecnologia. Da mesma forma, Daniel não conhecia. Mas ele esta sendo treinado
para isto agora mesmo. Segundo. O senhor trabalha para ganhar os recursos para
sustentar a sua família e para conduzir Daniel a faculdade.
¾
Isso mesmo.
¾
Um dos materiais mais valiosos neste planeta é
um minério chamado de ouro. E deste material eu possuo uma grande quantidade. Eu
estive analisando as redes de comunicações, e outros elementos de grande valor
aqui são as pedras chamadas de preciosas. Diamantes, rubis, esmeraldas e varias
outras. Nas escavações das bases foram encontradas grandes quantidades dessas
pedras. Foram guardadas para enfeite nos aposentos dos construtores. Por serem
de beleza agradável. Temos também grande quantidade estocada... como vê o
sustento de sua família não seria tarefa difícil.
¾
É algo de tirar o folego, nem sei o que dizer.
¾
Diga que aceita e poderá ser treinado para dar
apoio a Daniel.
¾
Vou pensar um pouco.
¾
Além do senhor, Daniel vai ter de escolher mais
algumas pessoas de confiança e caráter para poderem ajuda-lo.
¾
Vai trazer mais gente para aqui?
¾
Só depois que eu terminar o treino de Daniel. E
o seu, se assim decidir.
¾
Vou conversar com meu filho e minha esposa e te
darei a resposta.
¾
Aguardarei. Daniel esta voltando.
¾
Que bom.
¾
Leve este pequeno presente consigo.
Um robô serviçal
entrou carregando uma bandeja com algumas pedras coloridas. E também alguns
enfeites.
¾
Estes utensílios eram usados pelas mulheres da
base em noites festivas. Mas alguma coisa neste sol foi tornando os criadores
inférteis e logo envelheceram e não tiveram mais descendentes. Todos estão
dentro de mim.
¾
Como assim?
¾
Na cultura dos meus criadores, ao se aproximar
do tempo do fim da vida, eles se cristalizam e transferem seus conhecimentos
para o Celebro Central, assim todo conhecimento armazenado nunca se perde. E
desta forma, eu posso entender um pouco sobre sentimentos. Se não fosse assim,
eu seria apenas uma maquina. Sem vontade de aprender e sem condições de
interpretar a mente humana. Também não teria nenhum interesse em ajuda-los.
¾
Entendi. Você é como se fosse um ser
coletivo...? se posso me expor desta maneira...
¾
Sim, pode se expor desta forma. Entendo os seres
humanos a partir do ponto de vista de meus criadores, como estes se
relacionavam entre si. E seu desejo de aprender cada vez mais.
¾
Mas então você sozinho poderia fazer todas estas
coisas que esta nos pedindo para fazer?
¾
Não. Eu não poderia. Dentro de minha programação
existe um código de segurança que me desliga se eu não estiver vinculado ao
serviço de um ser biológico. E esse ser biológico tem de estar dentro de certos
requisitos morais, éticos e consciência.
¾
Por que isso?
¾
É um sistema de segurança dos criadores. Sem
este sistema não haveria limites para o que eu posso fazer ou alcançar. Imagine
o senhor que nestes cinco mil anos se eu estivesse ativo e sem limitações, o
que eu poderia ter feito se quisesse. Este planeta poderia estar repleto de
robôs a minha disposição. E naves robotizadas cruzariam a galáxia para todos os
lados.
¾
Nunca pensei desta forma...
¾
Não existem limites para um ser biológico
computadorizado.
¾
E o meu filho? Onde esta?
É como se estas
palavras fossem a senha de uma porta que se abriu para dar passagem para que
Daniel entrasse.
¾
Demorou.
¾
Ate que não. Da ultima vez foi mais demorado.
Pois tiveram que acordar as partes dormentes de meu celebro. Mas hoje só fiquei
um pouco cansado, e só.
¾
É bom voltarmos para casa, mamãe deve estar
preocupada.
¾
Sim, vamos. Conversaram bastante?
¾
Daniel. Eu fiz um convite a seu pai. Ele ira te
transmitir o conteúdo.
¾
Sim, no caminho de volta para casa eu falo.
¾
Então vamos. Que pacote é este que esta levando?
¾
É um presente do Celebro.
¾
Celebro. Sábado estarei aqui de volta. Me
explique algo.
¾
Fale.
¾
Nas provas achei tudo muito fácil. Tem algo a
ver com meu treino?
¾
Sim. Seu celebro foi ampliado e agora você terá
mais dificuldade em esquecer as coisas.
¾
Entendi.
¾
E velocidade de raciocínio também.
¾
Que bom.
¾
Vamos Daniel. Já esta tarde. Ate mais
computador.
¾
Estou procurando um nome para te chamar.
¾
Ate sábado então. Seu Luis pense com carinho em
nossa proposta.
Foram saindo e
Dionizio foi com eles.
Explicou a
Daniel que em breve instalaria um tele transporte na casa deles e assim não
seria mais necessário o planador para ir e vir.
Daniel fica a
pensar um segundo e responde.
¾
Se papai permitir, tudo bem.
¾
E por que eu não permitiria? Assim poderíamos
ter acesso mais rápido a base se houver uma necessidade.
¾
Já esta pensando desta maneira, papai. Vejo que
a proposta do gigante te interessou.
¾
Gigante?
¾
É, vou chama-lo de Gigante.
¾
Sim. Confesso que a proposta me interessou. No
carro te falo.
Chegaram ao
hangar. E Daniel viu que neste também as coisas estavam diferentes. Mais
maquinas estavam sendo limpas e inspecionadas. O movimento da colmeia de robôs
técnicos aumentara.
Daniel escolheu
o mesmo planador que antes. Já tinha decorado os símbolos. E agora estava mais
desenvolto ainda. Seu pai sentou-se no banco de passageiros.
¾
Sabe pilotar todas estas naves?
¾
Sei, sim. Desde meu primeiro treino. Agora sei
pilotar vários outros equipamentos.
¾
É de arrepiar. Vamos.
¾
Tchau, Dionizio. Ate sábado.
¾
Agora que estamos sozinhos. Pai. Qual foi a
proposta?
¾
O Celebro me convidou a trabalhar aqui com
vocês.
¾
Que bom. Aceitou?
¾
Ainda não. Quero conversar com sua mãe primeiro.
Mas é tentador. Ele se responsabiliza pelo sustento de nossa família. Este
pacote contem joias preciosas. É a forma dele demostrar que não teremos de nos
preocupar mais com nosso futuro e sustento.
¾
Que legal. Vou poder comprar meu carro agora...
¾
Sim. Assim que for de maior.
¾
Mas o carro eu já poderia comprar, né? Afinal eu
sei pilotar qualquer coisa na face da terra.
¾
Como assim?
¾
Faz parte do treinamento.
¾
Mais essa agora. E ainda tem mais.
¾
Mais?
¾
Sim. Você terá de escolher mais algumas pessoas
de confiança. Que tenham bom caráter, sejam dignos e de honra, para te ajudar
na base.
¾
E agora? Quem, e como convencer essas pessoas?
¾
De cara, eu sou um deles. E acho que você vai
chamar o Deca. Não vai?
¾
Será que ele topa?
¾
Veremos. Sonde ele de vagar.
¾
E a Mirian? Se ela aceitar eu ficaria muito
feliz.
¾
Vai com calma. Um de cada vez.
¾
Vou pousar na clareira.
¾
O carro esta perto. E logo para vir a base vai
ser mais fácil. Mas me diga. O que é um tele transporte. Fiz de conta de que
sabia do que se trata, mas na verdade estou boiando.
¾
É realmente o que o nome diz. Você atravessa uma
porta e se transporta para um outro local. No caso aqui. Será de casa para a
base e vice versa. Seria como morar na base.
¾
Incrível. Você poderá vir a base sem correr risco
de ser visto. E mais, pode vir quando quiser, varias vezes por dia.
¾
Não só eu, mas o senhor também. E até a mamãe se
ela desejar trabalhar conosco.
¾
Tire o cavalinho da chuva, nesta empreitada ela
não entra.
Pousaram,
entraram no carro e viram o planador ir embora.
Ao chegar em
casa dona Sandra estava preocupada e ainda não dormirá.
Contaram sobre
os novos planos. Esperaram a reação e ela veio.
¾
Ligar nossa casa com a base alienígena. Nunca...
¾
Sandra, eu estive lá. É seguro. O Celebro
Eletrônico é de confiança.
¾
Como sabe?
¾
Veja o presente que ele nos deu.
¾
O que é isso ai?
Seu Luis abre o
pacote e mostra seu conteúdo.
¾
Sim, mas o que é isso?
¾
São pedras preciosas e joias em ouro e sei lá
mais o que.
¾
Ele te deu isso de graça?
¾
Sim, para ele isto é só enfeite e adorno de
moveis.
¾
Deve valer uma fortuna.
¾
Sim, eu também acho. Ele me convidou para
trabalhar dando apoio a Daniel. E assim eu posso estar mais perto de nosso
filho e ver se realmente esta tudo em ordem.
¾
E seu trabalho?
¾
Peço as contas. O Celebro me garantiu o nosso
sustento. E pode ver que ele pode cumprir com isso.
¾
Pense bem. Mas se você resolver aceitar. Também
vou querer conhecer esta base alienígena.
¾
Na verdade, mamãe, ela já não é mais uma base
alienígena.
¾
Não? Como assim?
¾
Dionizio me revelou, com permissão do Gigante,
que esta base agora me pertence. Que o celebro eletrônico, o Gigante, me
transferiu a base. Ele só não oficializou isto ainda. Mas já implantou um
código em meu celebro que faz com que todas as bases me reconheçam e obedeçam.
E como não existe mais nenhum de seus criadores vivos. Eu sou o único ser vivo
a controla-los. A base é minha.
¾
Será, mesmo Daniel? Te dar uma coisa tão imensa?
¾
Ele foi criado para servir. Se não tem outro ser
vivo, me transformou em seu senhor.
¾
Isto nem eu sabia Daniel. Ele não me disse nada
a esse respeito.
¾
Vamos aguardar para ver.
¾
Então vou deixar instalar essa coisa que vocês
falaram aqui em casa.
E assim a palestra
prosseguiu animada. E os planos agora seriam trazer reforços...
CAPITULO VI
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